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sexta-feira, 7 de março de 2014

Estádio Vivaldo Lima: Historia de um estadio contruído no meio da Floresta

Conheça a história e as lembranças que marcaram estádio erguido nomeio da floresta e que cedeu espaço  para os novos tempos do futebol


Restam memórias, sobram saudades. A realidade está presente na lembrança de milhares de "órfãos", todos eles fiéis torcedores do futebol amazonense, desde aquele mês de julho do ano de 2010. Quatro décadas depois da cerimônia de inauguração – em 5 de abril de 1970, com a presença da seleção brasileira –, foi escrito o ponto final do Vivaldo Lima, o Vivaldão, num livro repleto de capítulos em sua maioria gloriosos. O GloboEsporte.com mergulhou na história do primeiro grande estádio do Amazonas e encontrou momentos e personagens que traduzem o que ele representa na história do esporte regional. O conteúdo faz parte de uma série especial de três reportagens sobre o novo estádio erguido para a Copa 2014.
Foi o início do fim do "Colosso do Norte". A demolição, que ecoou por quatro meses, machucou o coração de muitos torcedores barés. Foi ele, o Vivaldão, o maior elo de amor entre o futebol e a torcida amazonense. O palco das maiores glórias do futebol no estado, numa época em que as arquibancadas ficavam lotadas, mesmo debaixo de sol a pino, para prestigiar não apenas aqueles que defendiam os times locais, mas também enaltecer a presença de grandes jogadores. Não à toa, seu maior público – 56.950 pagantes, em 1980 – foi no confronto entre Fast Clube e Cosmos, que na época, mesmo sem Pelé, possuía nomes como Beckenbauer e Carlos Alberto Torres. Outros gigantes passaram pelo "templo" Vivaldo Lima. À época, os times do Amazonas frequentavam as divisões de elite do futebol brasileiro. 
Vivaldão (Foto: Divulgação)O último público do Vivaldo Lima, antes da demolição, foi de mais de 42 mil pessoas (Foto: Divulgação)

Nacional, Rio Negro, Fast e São Raimundo, os quatro grandes de Manaus, obtiveram suas maiores conquistas naquele local que hoje está guardado na lembrança. Ficaram as muitas histórias e os momentos. O Vivaldão se foi, mas apenas fisicamente. 
Não se engane se muitos chorarem no jogo de abertura da Arena da Amazônia. Demérito nenhum do mais novo estádio de Manaus, que também irá construir uma nova história. Mas é provável que, dos mais saudosos, o choro não venha do novo. É a lembrança de um amor eterno entre o torcedor amazonense e o gigante Vivaldo Lima, o "Colosso do Norte". 
PARQUE AMAZONENSE: REDUTO BARÉ, ANTES DO VIVALDÃO

Não dá para falar sobre o projeto do estádio Vivaldo Lima sem narrar um pouco do que foi o futebol do Amazonas antes dele. O surgimento e o crescimento do esporte no estado impulsionaram o pensamento de que uma grande obra era necessária. Passaram, pelo menos, 60 anos até que chegasse a vez de o Vivaldão fazer parte da história do futebol local.
Os historiadores locais remontam que em 1900 os campos oficiais de futebol de Manaus eram praticamente o do General Carneiro e o do General Osório, na Zona Central da capital, além de alguns campos de várzea que, no decorrer do ano, ficavam impossibilitados de serem utilizados devido a enchentes.
Parque Amazonense (Foto: Blog do Baú Velho)Parque Amazonense (Foto: Blog do Baú Velho)
Um pouco mais tarde, foi construído o Parque Amazonense, no bairro Adrianópolis, na Zona Centro-Sul, bem como o estádio Ismael Benigno, na Zona Oeste, popularmente conhecido como Colina. Segundo o livro Baú Velho, do jornalista Carlos Zamith, "a partir de 1918, no Parque Amazonense, foi disputado o Campeonato Amazonense amador. Em seguida foi construído o Campo do Luso, também conhecido como Prado".
O principal reduto dos times amazonenses – além dos grandes clássicos do futebol baré, como Rio Negro x Nacional, Rodoviário x Américo, Auto Sporte x Olímpico Clube – também era utilizado, aos domingos, como um hipódromo que funcionou normalmente até 1912, quando a crise da borracha motivou o seu fechamento. No dia 3 de outubro de 1942 foram inaugurados os refletores do Parque Amazonense para jogos noturnos. Nesse dia foi disputado um amistoso entre Fast e Olympico, em beneficio da Cruz Vermelha Brasileira. Em 1946, o Parque Amazonense foi arrendado à Federação Amazonense de Desportos Atléticos (FADA), então sob a direção do Doutor Menandro Tapajós. Até o ano de 1976, o estádio Parque Amazonense, situado a um quilômetro do centro de Manaus, na rua Belém, continuou recebendo duelos futebolísticos. Foi derrubado depois. Sua capacidade era de 10.000 pessoas.
O ÚLTIMO DUELO NO PARQUE

O último jogo disputado oficialmente no campo do Parque Amazonense valeu pelo campeonato de profissionais, em 8 de julho de 1973. Nesse dia, o torcedor jamais acreditaria que Rio Negro e Rodoviária estivessem fechando os portões de ferro do velho campo da então rua Belém, também chamado de campo da linha circular, por ser aquela artéria um dos itinerários dos bondes de duas lanças que faziam a linha Circular-Cachoeirinha. Ao fim do confronto, o Rio Negro venceu por 3 a 1.
INÍCIO DE UMA NOVA HISTÓRIA

Planta Vivaldão (Foto: Skyscrapercity)Planta do projeto Vivaldão (Foto: Skyscrapercity)
Prevendo tal situação – já a partir da década de 1950, período em que o futebol amazonense seguia o ritmo da pacata Manaus –, o governador do Amazonas Plínio Ramos Coelho deu o pontapé a um projeto de construção de um novo palco para acolher o futebol baré, o Vivaldo Lima.
Eleito governador no seu segundo mandato em 1963, o torcedor do Nacional depois de ver o seu time sagrar-se campeão estadual, não tinha mais dúvida de que o futebol amazonense precisava de um novo estádio que, desde o seu primeiro governo nos anos 50, sonhava para o seu desenvolvimento. Com isso, acreditava que um bom local para a construção seria a primeira ponte, como era chamada, localizada ao lado do Palácio Rio Negro, na avenida 7 de Setembro, no Centro de Manaus. Todavia, ele foi desaconselhado pelos engenheiros. O mesmo aconteceu quando pediu estudos para a ponte de ferro, a Benjamin Costant, que encontra-se logo após a Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa.
A ideia de construir um novo palco para o futebol local não saía da cabeça de Plínio Coelho. Ele se tornava obcecado quando queria concretizar uma ideia, e só alguns amigos podiam entender isso. Como o pai do radialista Arnaldo Santos, o seu Caetano de Andrade, outro "nacionalino doente" que participativa das discussões políticas que sempre terminavam em futebol.
Terreno Vivaldão (Foto: Skyscrapercity)Terreno onde foi instalada a pedra fundamental e construído o estádio Vivaldão (Foto: Skyscrapercity)


Na época com 19 anos de idade, Arnaldo Santos  – hoje com 76 anos – comandava um programa chamado "AS nos Esportes", na TV Ajuricaba. Ele foi e continua sendo testemunha viva de ter presenciado o governador Plínio Coelho, no seu jeito incisivo de ser, falar para Caetano (pai de Arnaldo), na inauguração de uma Feira Agropecuária, no bairro de Flores, que havia encontrado finalmente o lugar ideal para a construção do novo estádio.
– As discussões políticas quase sempre começavam lá na rua Visconde de Porto Alegre, onde morávamos e onde o governador ia tomar um cafezinho com o meu pai, e o papo continuava. O doutor Plínio Coelho dizia sempre o seguinte: "Pô, não dá mais para continuar assim com o nosso futebol." Aí um dia ele disse lá na minha casa, e aí eu sou testemunha: "Caetano, eu já sei ondevou fazer este estádio. Vai ser lá em Flores, depois do hospício." Ele dizia que tinha cobra, jacaré, até onça lá. Então, lançou a pedra fundamental lá no bairro de Flores. Passaram-se quase 12 anos só com a pedra fundamental, sem se fazer nada. Isso na década de 50, pois logo após veio a revolução em 1964. Após a sua reeleição, ele foi cassado pela revolução – lembra Arnaldo.
Primeiro grupo de trabalho
Artur Cesar Ferreira Reis, que assumiu como o governador da revolução, teve uma parcela muito importante para o estádio Vivaldo Lima ganhar vida. Foi exatamente ele que iniciou o processo institucional da causa. Mais experiente e integrado às causas desportivas locais, Arnaldo Santos foi chamado para compor o primeiro Grupo de Trabalho, chamado Gecene – e foi exatamente na metade de seu governo que Artur Ferreira Reis institucionalizou o projeto do Vivaldo Lima, e o grupo de trabalho teve como presidente o Deputado Estadual João Braga. 
 A ideia do Vivaldo Lima toma corpo com Danilo Areosa
Com o passar dos anos, o governador Danilo de Matos Areosa assumiu o estado. E o grupo de trabalho instituído por seu antecessor Artur Cesar Ferreira Reis teve total apoio de Danilo e da Federação Amazonense de Futebol (FAF), que era comandada pelo jornalista Flaviano Limongi, outro baluarte do futebol baré – ele morreu ano passado, aos 87 anos.

O então novo governador comprou a ideia com a constituição do grupo de trabalho. À época, nem mesmo deu bola para os questionamentos vindo dos opositores, que colocavam o local a ser erguido o Vivaldão como ''lugar perigoso''. A decisão estava tomada, e o estádio seria construído.
PRÉ-INAUGURAÇÃO

O pontapé de jogos, com o eternizado gol de Caroço
Danilo Areosa Torneio de Gratidão (Foto: Blog do Baú Velho)Flaviano Limongi, Danilo Areosa, grande propulsor do projeto do Vivaldo Lima; ao lado, 'Torneio de Gratidão' em homenagem a Areosa (Foto: Blog do Baú Velho)
No imaginário popular, o bairro de Flores estava completo com o Vivaldão, que tinha como referência o balneário da Verônica. Daí em diante o cenário futebolístico amazonense mudava de vez, mesmo que só com um gramado inserido no local após a passagem dos tratores. Arnaldo Santos recorda que, antes dos grandes clássicos acontecerem, a primeira disputa no ainda iniciado Vivaldo Lima foi de um torneio de base, o que marcou a pré-inauguração do gramado em fevereiro de 1969.
– Fizemos uma partida de futebol do Campeonato Infanto-Juvenil, com sete equipes, e o São Raimundo chegou à final contra o Sheik Clube. O primeiro gol no Vivaldo Lima foi marcado pelo Caroço, que ainda está vivo. Nesta ocasião, o Vivaldão só tinha o gramado, seco mesmo. Aí foi uma festa só. O governador Danilo Areosa ficou tão prestigiado pelo publico que se empolgou. E foi daí que melhorou a imagem dele. O Danilo Areosa é que levou o estádio Vivaldo Lima em 1970 ao "boom" – disse Arnaldo Santos.
PARTIDA INAUGURAL, JOGOS E CLÁSSICOS NO VIVALDÃO

O período de construção do estádio Vivaldo Lima foi de 1958 até 1970. A partida inaugural foi no dia 5 de abril de 1970 – com dois jogos de futebol, na verdade. Inicialmente entre as seleções B (reservas) do Brasil e do Amazonas, e logo a seguir entre as seleções A (titulares). Nas duas partidas a Seleção venceu por 4 a 1. Este evento foi presenciado pelo então presidente da Fifa, Stanley Rous, e pelo à época presidente da Confederação Brasileira de Futebol, João Havelange. Os quatro gols da seleção B do Brasil foram marcados por Dadá Maravilha, que futuramente viria a defender as cores do Nacional-AM. 
Fast Clube e Cosmos (Foto: Blog do Baú Velho)Equipe do Fast Clube que enfrentou o Cosmos. Time tricolor tinha o campeão de 1970, Clodoaldo, o quinto em pé (Foto: Blog do Baú Velho)


Daí em diante, o "Colosso do Norte" viveu momentos históricos com clássicos locais, amistosos ou partidas válidas por Campeonato Brasileiro de Futebol e Copa Norte, entre outros.  A dimensão da grandeza do estádio se faz justamente com aquele que foi seu maior público, no dia 9 de março de 1980, quando o New York Cosmos desembarcou em Manaus para jogar contra o Fast. A partida terminou sem gols, mas a presença de estrelas como Beckenbauer e Carlos Alberto Torres já justificava a presença no estádio. Do lado do Fast, Clodoaldo, volante do Brasil na Copa de 70, também trazia à tona um futebol amazonense diferenciado e com grandes jogadores. Muitos, aliás, passaram pelo Vivaldo Lima: Zico, Roberto Dinamite, Ronaldo, Romário, Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Rogério Ceni, entre outros.
 
Rio-Nal: O primeiro clássico da história no Vivaldo Lima ocorreu no dia 7 de Março de 1971. O confronto – válido pelo Torneio denominado 'Gratidão', uma referência ao governador Danilo Matos Areosa – arrastou um grande público ao estádio, e o Rio Negro venceu o Nacional por 2 a 1. No retrospecto geral, o time leva desvantagem nos duelos diante do Leão da Vila Municipal. 

– Esse jogo foi o mais importante que narrei no Vivaldo Lima, não o da seleção brasileira, em 1970. Sabe por quê? Porque quando a Seleção jogou na década de 70 o governador Danilo Areosa teve uma pneumonia aguda e não foi para o jogo inaugural, pois estava internado no Hospital Getúlio Vargas. E foi exatamente ele o grande mentor de tudo. Aí veio o que considero o momento mais importante do Vivaldo Lima na década de 70, o torneio chamado "Gratidão", em homenagem ao Danilo, por tudo que ele havia feito pelo estádio – afirma o ex-radialista.
Pela primeira vez no Vivaldão estavam Fast Clube, Rodoviária, Rio Negro e Nacional. E o público compareceu. Foram mais de 30 mil pessoas no estádio para assistir às partidas dos times amazonenses, esquecendo Pelé e companhia em 1971. Na preliminar, o Fast venceu a Rodoviária por 2 a 1 – "E eu transmiti o segundo jogo, que foi Rio Negro contra o Nacional", lembra Arnaldo Santos. A partida terminou com a vitória do Galo da Praça da Saudade. Foi o primeiro duelo Rio-Nal no estádio Vivaldo Lima. Tudo por conta da homenagem ao governador Danilo Areosa. 
Internacional
O Futebol Clube Porto de Portugal foi o primeiro clube estrangeiro a pisar no estádio Vivaldo Lima, cerca de um ano e sete meses após a pré-inauguração. O clube fez dois jogos amistosos em Manaus. Venceu os dois – 3 a 2 no Nacional, 3 a 1 no Fast – para um público médio de 38.917 pagantes.
Jogos da Seleção
A seleção brasileira atuou no Estádio Vivaldo Lima em seis oportunidades, sendo que uma única vez em jogo oficial, em 2003, na partida pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha. Na ocasião, o Brasil venceu por 1 a 0 com gol de Ronaldinho Gaúcho. 
Seleção Olímpica Brasil (Foto: Blog do Baú Velho)Seleção Olímpica do Brasil (Foto: Blog do Baú Velho)


Ao longo dos seis jogos, o retrospecto da camisa canarinho foi positivo: cinco vitórias e apenas um empate, com a Croácia. No Vivaldão, a seleção brasileira marcou 14 gols e sofreu apenas quatro.
. 05/04/1970 – Brasil B 4 x 1 Amazonas B (amistoso de inauguração oficial do estádio)
. 05/04/1970 – Brasil 4 x 1 Amazonas (amistoso de inauguração oficial do estádio)
. 20/12/1995 – Brasil 3 x 1 Colômbia (amistoso de reinauguração do estádio)
. 22/05/1996 – Brasil 1 x 1 Croácia (amistoso da Seleção)
. 18/12/1996 – Brasil 1 x 0 Bósnia (amistoso promovido pela FAF)
. 10/09/2003 – Brasil 1 x 0 Equador (eliminatórias da Copa do Mundo)
Os maiores públicos
Fast Clube e Cosmos (Foto: Blog do Futebol Amazonense)Maior público do Vivaldão foi na visita do Cosmos, que contava com Carlos Alberto Torres e Oscar (Foto: Blog do Futebol Amazonense)
Como já foi mencionado anteriormente, Fast e Cosmos registraram o maior público pagante da história do Vivaldo Lima. Porém, uma das curiosidades é o fato de o clássico Rio-Nal, em duas oportunidades, em 1979 e 1986, também aparecerem na lista. Destaque também para o São Raimundo de Aderbal Lana, pela Série C em 1999. 
9 de março de 1980 Fast Clube 0 x 0 Cosmos (EUA); 56.950, Amistoso Internacional
12 de dezembro de 1999 São Raimundo 0 x 0 Fluminense (RJ); 55.185(48.992 pagantes), Campeonato Brasileiro Série C
27 de agosto de 1986 Nacional 1 x 0 Rio Negro; 41.661, Campeonato Amazonense
22 de maio de 1996 Brasil 1 x 1 Croácia; 41.451, Jogo Amistoso
5 de fevereiro de 1984 Nacional 0 x 3 Vasco (RJ); 41.239, Campeonato Brasileiro
26 de setembro de 1979 Nacional 1 x 0 Rio Negro; 40.193, Campeonato Amazonense
REMODELAGEM DO COLOSSO

Em 1995, o estádio Vivaldo Lima passou por uma 'remodelagem'. O projeto do estádio que era antigo e estava obsoleto, obrigou a reformulação como uma forma de prolongar a vida do Colosso do Norte. Afinal, esse mesmo projeto havia sido concebido na década 60, pré-inaugurado em 69 e concluído já na década de 70. 
Vivaldo Lima (Foto: Skyscrapercity)Vivaldo Lima logo depois da revitalização (Foto: Skyscrapercity)

Após a reforma e revitalização do Vivaldão, o estádio tornou a receber grandes partidas. Um dos marcos foi a partida entre Brasil e Colômbia, que simbolizou a reinauguração, e mais à frente o duelo entre o Nacional e o Vasco da Gama, na época pela Copa do Brasil e na fase de oitavas de final, onde curiosamente tornariam a se encontrar em 2013. O jogo realizado no dia 15 de abril de 1995 terminou com o placar de 2 a 0 para os cariocas, com os dois gols sendo anotados pelo atacante Valdir. 
Cronista esportivo e historiador amazonense, Teófilo Mesquita, de 44 anos, relembrou alguns momentos no estádio Vivaldo Lima. Para ele, a reparação feita na época pelos governantes e administradores locais foi primordial para que o futebol amazonense ressurgisse para uma nova fase dentro das quatro linhas. 

- Foi muito importante porque não foi uma ação isolada. Foi uma ação para revitalizar o futebol amazonense da época. Só para rememorar, o Campeonato Amazonense de 1994 teria a participação de quatro clubes e somente 15 jogos. E a integração no final de 1995 fez parte de ações governamentais para revitalizar o futebol local. Inclusive, depois, veio a criação do vale lazer - que não era um projeto só para o futebol - , mas como para o boi-bumbá e o cinema. Porém, o futebol e, especificamente, no Vivaldão o torcedor voltou a frequentar o estádio. O vale lazer, que eu me lembre, ele teve pelo menos dois pontos cruciais que foi a final do Amazonense em 1999, com São Raimundo e Rio Negro, com muita gente. E o São Raimundo na Série C, que teve aquele jogo do Fluminense que deve ter recebido um público presente de 55 mil pessoas, a maioria usando o vale lazer. No mesmo ano, em 1999, nós tivemos um jogo entre Rio Negro e Figueirense, de casa cheia, na seria C. Na época, em 99, vigorava o vale lazer, tanto no Estadual  quanto em jogos nacionais. Ou seja, após a revitalização a gente percebeu uma ação conjugada. O Vivaldo Lima foi um espaço frequentado pelo público - destacou.
Vivaldão  (Foto: Reprodução/Baú Velho)Vista aérea do Vivaldo Lima após a revitalização: casa cheia e alegria dos amazonenses (Foto: Reprodução/Baú Velho)
Da época, Teófilo Mesquita ainda traz consigo os momentos singulares ao lado da família motivados pelo pai (Teófilo). Apaixonada pelo desporto amazônida, Teófilo descreve a partida de reinauguração nas arquibancadas do Colosso do Norte ''atrás do gol ao lado do placar eletrônico''. 
- Na reinauguração, em 1995, Brasil e Colômbia, meu papai, Teófilo Mesquita, levou toda a nossa família. Inclusive, ficamos bem atrás do gol do lado do placar eletrônico, que só funcionou naquela dia. Lembro que foi no dia 20 de dezembro. Em 1996, já como membro da crônica esportiva, fiz duas coberturas da Seleção Olímpica do Brasil, contra Bósnia (que se chamava Bósnia Hezergovina, na época), e Croácia - rememora.
O FIM DO ESTÁDIO

''A demolição do Vivaldão foi correta pelos problemas''
 
No dia 31 de maio de 2009, Manaus foi escolhida como uma das 12 sedes da Copa do Mundo de 2014. O projeto da cidade previa a demolição da atual estrutura do Estádio Vivaldo Lima, que daria lugar à Arena da Amazônia, que terá capacidade para 47.000 pessoas.
O estádio foi fechado no dia 19 de março de 2010, sob a voz reivindicadora de muitos, dia da inauguração da pedra fundamental da nova arena. Durante quase quatro meses foi feita a retirada de todo o material que poderia ser reaproveitado, como os assentos, refletores e catracas, que foram doados para os estádios do interior do estado. Após a retirada de todo esse material, teve início em 12 de julho de 2010 a demolição da estrutura do antigo estádio Vivaldo Lima, prevista para terminar em outubro deste mesmo ano.
Vivaldão (Foto: Arquivo pessoal)Ariovaldo observa estádio Vivaldo Lima, já em processo de demolição (Foto: Arquivo pessoal)


O desportista Oriovaldo Malízia, administrador do estádio, relembrou, com carinho, a sua relação com o Vivaldão, mas admite que os problemas, mesmo após a reforma de 1995, já vinham se acumulando. O templo do futebol amazonense oferecia até mesmo risco em dias de jogos com grande público. 
Vivaldão (Foto: Divulgação)Trator derruba entrada frontal do Vivaldão (Foto: Divulgação)


Se não fosse a Copa do Mundo o Vivaldão se tornaria uma sucata
Oriovaldo Malízia - último administrador do Vivaldão
 - Desde o primeiro dia eu acompanhei a trajetória do Amazonas na Copa do Mundo, desde o dia 8 de março de 2007. Eu acompanhei o projeto da Copa de perto. Inclusive, a segunda via do Caderno de Encargos está comigo. É uma situação em que a gente tem que olhar de dois ângulos. O Vivaldo Lima era a minha casa, era a extensão da minha casa. Eram todos os dias, todos os eventos eu estava lá. Eventos de pequeno e de grande porte eu estava sempre lá cumprindo a minha missão como administrador. Mas ele [Vivaldo Lima], no fundo, já estava cheio de problemas e graves. Havia infiltrações, problema no gramado, falta de investimento, falta de recursos para fazer uma boa administração. A gente lutava com muito sacrifício para organizar as coisas. Tudo isso foi deteriorando o estádio. Então, chegou um ponto que, na minha opinião, pela minha vivência lá dentro, que se fôssemos fazer uma reforma no estádio (Vivaldão) seria uma reforma muito forte. Ele estava realmente cheio de problemas. Muita infiltração. Inclusive, quando chovia nos vestiários dos clubes era uma cachoeira que caia lá. Era coisa de dois metros de água. Então, a gente colocava calha lá para remendar. A gente estava sempre postergando. Por estas razões, eu, intimamente, lamentando muito a perda do estádio, quando veio à proposta, o projeto [da Arena], eu não fui contra. Porque eu sabia do estado que o Vivaldão se encontrava. Claro, a gente lamenta, a gente sofre, mas a gente tem que ser frio nesta hora. Imagina se acontecesse um desastre no estádio sob a sua administração, você está vendo o perigo de isso acontecer. Houve situações em que a estrutura mexia - lembra. 
Natural da cidade de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, Malizia completou que se não fosse a Copa do Mundo "o Vivaldão se tornaria uma sucata".
Vivaldão (Foto: Divulgação)Vista lateral das cabines de rádio (Foto: Divulgação)

- Como todos os outros estádio do mundo, se ele [Vivaldo Lima] continua e a Fifa faz a Copa em outros estádio do Brasil, o Vivaldo Lima seria uma sucata, como é o Mangueirão. Hoje, o Mangueirão é uma sucata. Aliás, não é só ele. Existe no Brasil em torno de 800 estádios, isso são números da CBF. Somente doze estádios fazem parte desta lista dos melhores estádios do Brasil e do Mundo, somos nós e os outros estádios da Copa. O resto é sucata. E se nós não tivéssemos entrado na Copa do Mundo nós estaríamos neste rol de 'estádio sucata do Brasil' - finalizou.
Neste sábado (08), a série especial sobre o novo estádio do Amazonas mostrará o projeto da Arena da Amazônia e o momento em que a capital do Amazonas foi escolhida para ser uma das 12 sedes da Copa 2014.

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